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A luta do basquete para se manter relevante em meio a pandemia.

Por Urtzi Luppi

O esporte esquecido pela nação enfrenta uma situação aonde não consegue andar com as próprias pernas, mas mesmo assim respira


Brasil, o país do futebol, o país que mais vezes foi campeão da copa do mundo, toda criança sonha em se tornar jogador profissional, que todo pai sonha em ver o filho vestindo a camisa do time, nesse Brasil existe outros esportes? Temos o basquete, que apesar de não ter a mesma mídia ou a mesma importância, teve seus dias de glória com Oscar Schmidt, que muitos se esquecem, mas dominou as Olimpíadas, apesar de nunca ter ganhado a medalha de ouro, e deixou seu nome nos livros de recorde da competição. Oscar, junto com a Hortência Marcari, Magic Paula trouxeram alegria pros brasileiros que acompanhavam o esporte, eles ainda seriam os protagonistas de conquistas como o ouro masculino no Pan-americano de Indianápolis, em 1987, e ouro feminino no Pan-americano de Havana, em 1991, e no Mundial da Austrália, em 1994.

Oscar na olimpíada de 92


Na época, o basquete nacional vivia sua fase de ouro, os jogos eram televisionados, a mídia estava sempre comentando e ajudando o cenário do esporte. Quando essas estrelas deixaram as quadras, os títulos deixaram de vir para o Brasil e o esporte perdeu expressão, popularidade e, claro, espaço na mídia, mas, como já sabemos, essa atenção passou, e o basquete voltou a ser esquecido.


O que se pode dizer é que hoje em dia é impossível o basquete ter o mesmo tamanho de cobertura que o futebol, mas com tanta tecnologia e meios de se acompanhar, o basquete lentamente vem ganhando mais espaço, relembrando os anos 80, isso graças ao basquete norte-americano, mais e mais pessoas se interessam e vão atrás de saber mais sobre basquete, isso não significa acompanhar o basquete nacional, mas pelo menos temos mais pessoas falando de basquete aqui no Brasil. Os números divulgados pelo IBOPE em 2019 comprovam que a modalidade, que hoje já ocupa a terceira posição em horas dedicadas na TV, vive um novo boom no país. Um dos motivos de não ter tanto engajamento dos fãs no torneio nacional é que fica difícil criar uma identidade com os times, já que muitas das vezes, times não voltam para o ano seguinte da competição. Isso acontece por vários motivos que não vale a pena discutir nesse texto, mas isso atrapalha o brasileiro a se importar com a competição. Ter um time para torcer é fundamental para acompanhar qualquer esporte, e quando você não sabe se ano que vem seu time vai estar competindo a liga nacional fica difícil de investir tempo e mais ainda de investir paixão, mas suponho eu que assim que o esporte se consolidar no Brasil, essas saídas dos times da liga parem de acontecer.



Esse boom começou nos meados de 2008, quando a Liga Nacional de Basquete passou a ser administrada pelos próprios clubes que a compunham, um modelo arriscado que até então não tinha se mostrado eficiente. Os times então escolheram uma pessoa para ser o novo Presidente dessa nova liga, no caso, escolheram o Kouros Monadjemi, que, junto com os times, fez o campeonato brasileiro da modalidade ter suas regras. Logo a Rede Globo se tornou parceira e junto com a liga criaram o Novo Basquete Brasil, que se chamaria NBB para que o nome do torneio lembrasse o nome do torneio mais famoso do mundo, a NBA. Claro que durante a primeira temporada as coisas foram difíceis. Não havia patrocinadores para o torneio, muito do dinheiro que foi disponibilizado para o torneio acontecer veio das mãos da Globo , mas isso viria a mudar com os anos que se aproximavam. A Penalty foi a primeira a ser fornecedora de materiais esportivos da NBB. Para atrair ainda mais o público, a liga criou vários eventos que ajudariam na popularidade, eventos fortemente inspirados em eventos como os da NBA, como o jogo das estrelas. Que é uma grande plataforma para os jogadores se conectarem com os fãs.


Jogo das estrelas de 2018


Mas para o projeto realmente dar certo, e o basquete passar a ser visto por mais pessoas, a liga precisava conseguir um contrato que começaria a transmitir seus jogos na TV aberta. Isso só aconteceria em 2011, 14 anos depois da sua última transmissão que foi em 1997. Não foi o melhor dos retornos em questão de audiência, mas foi o suficiente para mostrar a todos que o basquete brasileiro ainda respira. A transmissão do torneio não ficaria para sempre com a globo, em 2018, após 10 anos de transmissão por parte da Rede Globo, a LNB, anunciou uma parceria com a ESPN, com o Band Sports e o Fox Sports para a transmissão do campeonato NBB na TV fechada, mas a liga só veria seus jogos serem transmitidos 100% quando acertou com o DAZN, serviço de streaming em 2019. Além disso, as próprias páginas nas redes sociais da NBB transmitem vários jogos.



As coisas progrediam naturalmente para o basquete, mais visibilidade é igual a mais investimento, que por sua vez é igual a mais oportunidades. Porém, no começo do ano tivemos a paralização, graças a pandemia global do COVID-19, a evolução do basquete teve que dar uma pausa. Isso afetou muito os times, o dinheiro que entrava com os jogos e com os eventos parou de entrar, e com isso times como o Botafogo tiveram que declarar falência e não participaram mais da liga nacional. Tivemos também times que se uniram como o caso do Fortaleza que anunciou uma parceria com o Basquete Cearense para jogar a temporada 2020/2021 do NBB. A equipe agora passará a se chamar Fortaleza Basquete Cearense. Mas fora isso a liga tem achado seus jeitos de se manter. Graças a esse modelo de organização que seus clubes são os responsáveis pela liga, logo são responsáveis pelo futuro das equipes. Em um momento aonde a união era de extrema necessidade, os clubes se uniram e conseguiram arrumar um jeito de manter não só o torneio, mas a liga funcionando e se preparar para o retorno.


Apesar de todos os acontecimentos desse ano, com a pandemia atrapalhando muito o esporte, a próxima edição do torneio nacional de basquete está confirmada. Com 15 times tendo confirmado suas presenças. O que é algo novo pois ano passado foram apenas 13 equipes que participaram, e com a pandemia, times como o Botafogo anunciaram falência e saíram do torneio, porém, tivemos casos de times retornando à competição como o Caxias do Sul do Rio Grande do Sul. O atual presidente da LNB Nilo Guimarães deu uma entrevista, e nela disse, “Saímos dessa reunião de hoje com uma sensação extremamente positiva, pois mesmo com toda a situação difícil e as incertezas que a sociedade vive, os clubes provaram sua força e união de todos esses anos de construção e consolidação do NBB para a realização de mais uma grande temporada”, o que prova que se não fosse o sistema de organização adotado pela liga, aonde os times são responsáveis pelo torneio nacional, talvez não estaríamos em um cenário tão positivo. O time do Botafogo ainda tenta mudar a situação e tem uma série de reuniões marcadas para tentar voltar a competição. Mas infelizmente não teve condições de cumprir com todos os requisitos para participar da temporada 2020-21.


O torneio NBB já está de volta, o primeiro jogo foi no dia 14 de novembro e todos os protocolos de controle e saúde da já foram estabelecidos. Todas as datas já foram aprovadas pelos clubes e os jogadores, muito a exemplo dos norte-americanos que conseguiram criar um ambiente livre do vírus durante um longo período de tempo devido a disciplina na hora de se cuidar, estão seguindo todos os protocolos de saúde para não se infectarem e infectarem os outros.


Deixo aqui a minha experiência. Como um jovem que tentou jogar no profissional, que esteve nos bastidores e que teve uma pequena experiência no lado da mídia. O basquete não é apenas um esporte, é um estilo de vida. A mentalidade que vem com a prática do basquete é de sempre treinar, nunca desistir, levantar a cabeça no momento de decisão, ou em um momento pós erro. O pensamento de próxima cesta, eu errei agora, mas vou para a próxima cesta como se não tivesse errado. Essa mentalidade ajuda, e muito, não estou falando de momentos em uma partida, e sim momentos da vida. Quando acompanhamos a liga americana, vemos quantas histórias parecidas com as que temos aqui sobre jogadores que saem da periferia e mudam não só suas vidas como a vida de seus familiares. Muito vem com a prática do esporte. É um estilo de vida que ajuda, no meu caso, principalmente a lidar com a ansiedade, e isso deveria ser mais valorizado. Com o apoio correto, não tem muito mais o que precise ser feito, o basquete tem suas rotas para a o coração de seus fãs. Não irá fazer mal ao futebol ter o basquete como segunda potência. Essa mentalidade ajudara os mais novos que precisam de orientação em um mundo tão caótico como o nosso. Ter uma liga formada pela união e que sobrevive através dessa união é um ótimo exemplo para os jovens. Infelizmente dentro do futebol, temos um número gigantesco de jovens que querem se profissionalizar, mas não é o caso para a maioria, se investir no basquete, tornar o basquete um tesouro nacional, ele inspirará vários jovens a tentarem ser jogadores profissionais, aumentando as histórias de pessoas que dão a volta por cima, pessoas que em meio a pobreza e ao crime resolvem escolher a vida de atleta e tentar dar um futuro melhor não só para si, mas para suas famílias, ninguém perde por dar esperança e sonhos para os jovens.


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